Um projeto de governança ambiental para manutenção e ampliação da cobertura vegetal nativa na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e que proporciona oportunidades de geração de renda para comunidades locais, culminou na realização do Workshop “Governança Sustentável, Inclusiva e Participativa”, realizado no último dia 20, em Santa Luzia. A ação foi desenvolvida pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), em parceria com a Sapiens Inteligência Ambiental, e resultou na elaboração de um plano de ação com iniciativas a serem desenvolvidas nos municípios de Santa Luzia, Caeté, Nova União, Sabará e Taquaraçu de Minas.
O mapeamento dos atores e segmentos interessados em construir, coletivamente, soluções para uma gestão socioambiental mais efetiva, foi realizado com apoio financeiro do Ministério dos Recursos Naturais do Canadá, captados pela EcoAgriculture Partners (EcoAg) e gerenciados pela Sapiens Inteligência Ambiental. A definição dos municípios para o projeto se deu por estarem no Bosque Modelo Mata Atlântica, território reconhecido pela Rede Latinoamericana de Bosques Modelo e apoiado pela EcoAg.
O workshop foi o último de quatro encontros realizados e consolidou discussões e propostas apresentadas por representantes de universidades, como o Instituto Federal (IF) de Santa Luzia, órgãos públicos, prefeituras dos municípios envolvidos, comunidades tradicionais, setor produtivo, representado pela Associação Empresarial de Santa Luzia, Subcomitês de Bacia Hidrográfica Caeté-Sabará, Poderoso Vermelho e Taquaraçu, todos do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, além de moradores e sociedade civil em geral. Mais de 90 pessoas participaram da construção coletiva para proposição de ações para a gestão ambiental da região.
No final do workshop, foram definidas nove prioridades que contemplam a implantação de trilhas de médio curso, regularização fundiária de imóveis em áreas urbanizadas, acesso ao abastecimento de água e tratamento de esgoto, dentre outras. Essas ações serão trabalhadas em 2025 com o suporte do IF de Santa Luzia em articulação com organizações relacionadas aos temas e terão como objetivo a transformação das realidades locais.
Além do desenvolvimento das ações destacadas, as localidades receberão oficinas, até março de 2025, para recuperação de pelo menos 5 hectares de áreas, utilizando-se parcialmente de sistemas agroflorestais, formação de uma rede de coleta de sementes e implantação de dois viveiros comunitários. Essa atividade será realizada no âmbito do “IMFN Climate FY 2024/25 – Latin American Modelo Forest Network – IRPS”, em implementação pelo Instituto Rupestris de Inovação Ambiental em Recuperação, Conservação e Biotecnologias e parceria do IEF, e financiada pelo Ministério dos Recursos Naturais do Canadá.
Para o coordenador da UPMA, em Caeté, e servidor do IEF envolvido na implementação do projeto, João Paulo Sarmento, “a riqueza dessa iniciativa está em conseguir envolver os atores que se encontram no território e que podem contribuir com uma visão que só quem está ali tem como trazer”.
O analista ambiental do IEF Marcelo Araki também destacou a importância da presença do Poder Público ali representado. “A construção de uma rede que possa se conectar e atuar também a partir dos esforços de outros atores é muito importante para o sucesso das ações”, frisou.
Bosque Modelo Mata Atlântica
Os bosques modelos são processos sociais, inclusivos e participativos que buscam o desenvolvimento sustentável de um território e, portanto, contribuem para alcançar objetivos globais de redução da pobreza, mudanças do clima, luta contra a desertificação e metas de desenvolvimento sustentável.
O Bosque Modelo Mata Atlântica é reconhecido, desde 2004, pela Rede Latinoamericana de Bosques Modelo, estendendo-se por cerca de 24 milhões de hectares na qual estão presentes mais de 14,5 milhões de pessoas.
Ascom/Sisema