O Plano de Manejo, definido pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) é um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade.
O Plano de Manejo do PESRM, incluindo a Estação Ecológica de Fechos, foi elaborado a partir do diagnóstico dos recursos naturais, físicos e bióticos e das interferências do homem, e desenvolvido por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC), de empresas de consultoria e consultores independentes, com coordenação da Fundação Biodiversitas. “A aprovação e implantação do Plano de Manejo do Parque do Rola Moça e da Estação Ecológica de Fechos coloca à disposição dessas UCs um instrumento de gestão eficiente e participativo, permitindo que a gerência da Unidade apresente ao órgão gestor, às comunidades do entorno a ao seu Conselho as atividades prioritárias de implantação, administrando a Unidade alicerçada em parâmetros técnico-cientificos e de forma transparente”, argumenta Paulo Emílio Guimarães Filho, gerente do PESRM.
Durante o trabalho foram feitos contatos diretos, entrevistas e oficinas junto às lideranças comunitárias, profissionais envolvidos localmente com a temática de meio ambiente e sociedade organizada do entorno da Unidade de Conservação. Também foi feito um trabalho junto à equipe de gerenciamento do PESRM para enriquecer o processo de convergência nas análises técnicas dos meios biótico e abiótico, sócio-econômica, uso público e questões fundiárias, de forma que a equipe operativa se apropriasse dos conhecimentos técnico-operativos do Plano de Manejo desde a fase inicial do processo de elaboração.
A equipe fez também a coleta e análise de dados relativos à região e aos municípios do entorno do PESRM e da EE de Fechos com o objetivo de sintetizar em um único documento as informações regionais necessárias para a compreensão do contexto onde as Unidades de Conservação estão inseridas e como este contexto pode influenciar o planejamento e a gestão das áreas, seu entorno e os recursos naturais da região, identificando ainda, as oportunidades e as ameaças.
De acordo o estudo, o PESRM e a EE de Fechos estão inseridos em uma região bastante descaracterizada em relação ao seu estado original, devido ao histórico de ocupação do território e à intensidade das atividades antrópicas decorrentes do processo de colonização e urbanização da região. A forte pressão urbana, as atividades agrícolas, a mineração, o extrativismo vegetal, a caça e o fogo, são alguns exemplos de atividades do homem que contribuem para a descaracterização dos ambientes naturais da região. Outros problemas apontados no levantamento foram a introdução de organismos invasores ou exóticos em alguns ambientes do Parque, trazendo risco à sobrevivência de espécies nativas, comprometendo a integridade do ecossistema e dos processos naturais ali existentes. O estudo identificou que as áreas na região de influência direta do PESRM mais afetadas pela ação do homem estão localizadas nas proximidades do Jardim Canadá (Nova Lima) e região do Barreiro (Belo Horizonte), onde a ocupação humana e as atividades de mineração são mais intensas.
Planejamento e Gestão – Para orientar a gestão do Parque Estadual Serra do Rola-Moça foi desenvolvida a avaliação estratégica do PESRM, com os objetivos específicos para o manejo, zoneamento e o planejamento propriamente dito, estabelecido em ações a serem desenvolvidas em áreas estratégicas e as ações gerais para a gestão desta Unidade e sua região.
A avaliação estratégica analisou a situação geral do PESRM no que se refere aos fatores internos e externos que impulsionam ou dificultam a consecução dos objetivos para os quais o Parque foi criado. A partir da análise dos ambientes interno e externo foram definidas estratégias com o objetivo de potencializar os pontos fortes e as oportunidades e minimizar os efeitos dos pontos fracos e ameaças, tendo como referência a visão de futuro da reserva.
A equipe de trabalho do Plano de Manejo também sugeriu programas temáticos a serem desenvolvidos na Unidade de Conservação, tais como pesquisas e monitoramento, proteção e manejo, prevenção e combate a incêndios, uso público, operacionalização e integração externa. “O plano de manejo deve ser entendido como um instrumento de planejamento para subsidiar a gestão eficiente de uma Unidade de Conservação. No caso do Parque do Rola Moça, os seus gestores têm que lidar com vários aspectos decorrentes de sua localização, próxima a núcleos urbanos, áreas de mineração, zonas de expansão agrícola e imobiliária, que interferem diretamente na dinâmica das riquezas a serem protegidas. Acreditamos que o plano do PESRM atingiu esse objetivo, mas os resultados só serão sentidos quando da sua implementação, o que também é um desafio e requer uma mudança de percepção e atitude da sociedade com relação à área”, conclui Gláucia Moreira Drummond, Superintendente Técnica da Fundação Biodiversitas.
Rola-Moça – O PESRM abriga uma paisagem diferenciada por suas características geológicas e topografia acidentada. É uma região de natureza privilegiada, destacando-se pela beleza cênica do ondulado das serras. Suas riquezas naturais estão presentes nos diferentes ecossistemas que abriga, como as matas ciliares, as áreas de Cerrado e os Campos Rupestres. As conhecidas e peculiares canelas-de-ema são plantas facilmente encontradas no Parque, bem como o lobo-guará, a lontra e o mico-estrela, exemplos de uma fauna diversificada onde várias espécies se encontram sob risco de extinção.
A região do PESRM abrange em seus domínios várias nascentes e cabeceiras de rios das bacias do Velhas e Paraopeba, destacando-se as Áreas de Proteção Especial (APEs): Taboões, Rola-Moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina, além da Estação Ecológica de Fechos, mananciais não abertos à visitação pública que abastecem milhões de usuários de Belo Horizonte, Ibirité e Brumadinho. A compreensão da importância da conservação, manejo dos recursos naturais, integridade dos ecossistemas e processos ecológicos preservados pelo PESRM é fundamental para se garantir a conservação desses recursos, ressaltando-se a água, bem fundamental para a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O PESRM apresenta-se com uma forte vocação para a pesquisa e ações de educação ambiental junto às comunidades de sua região de influência, tanto das comunidades do entorno imediato como da população dos centros urbanos maiores.
Plano de manejo do Parque Estadual Serra do Rola-Moça é aprovado - IEF
Plano de manejo do Parque Estadual Serra do Rola-Moça é aprovado
Notícia
Qui, 03 jan 2008