Pesquisas científicas em Minas e Goiás revelam avanços e desafios na proteção da biodiversidade do Cerrado

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Criado: Qui, 05 dez 2024 20:23 | Atualizado: Qui, 05 dez 2024 20:23
Expedições realizadas se dedicaram à busca de espécies raras e endêmicas da fauna do bioma Cerrado

Foto: Divulgação
Trabalho buscou espécies raras e endêmicas da fauna do Cerrado, como mamíferos, aves, anfíbios e peixes
Trabalho buscou espécies raras e endêmicas da fauna do Cerrado, como mamíferos, aves, anfíbios e peixes

O Instituto Estadual de Florestas (IEF) participou no mês de novembro de duas expedições realizadas no Noroeste de Minas e em regiões do Estado de Goiás para buscas de espécies raras e endêmicas da fauna do Cerrado, como mamíferos, aves, anfíbios e peixes anuais da família Rivulidae. As atividades, promovidas no âmbito do Plano de Ação Territorial (PAT) para Conservação de Espécies Ameaçadas do território Veredas Goyaz-Geraes, tiveram como objetivo ampliar o conhecimento científico e fortalecer a proteção da biodiversidade.

Uma das expedições foi liderada pelo Instituto Boitatá e concentrou-se na busca ativa de diversas espécies da fauna em áreas consideradas lacunas de conhecimento, passando pelos municípios de Lagoa Grande, Paracatu e Unaí, em Minas Gerais, além de Formosa, Vila Boa, Planaltina e Iaciara, em Goiás. Em paralelo, uma equipe da Tekoambiental realizou atividades direcionadas aos peixes anuais em corpos d’água nos municípios mineiros de São Francisco, Urucuia e São Romão. O foco estava na localização de espécies de peixes ameaçadas como Hypsolebias stellatus, Hypsolebias helnery e Hypsolebias similis

Carlos de Oliveira Teixeira, analista ambiental da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade (URFBio) Noroeste do IEF, destacou a relevância do trabalho. “A expedição tem como objetivo conscientizar sobre a importância de preservar os habitats naturais, essenciais para a proteção de espécies em risco de extinção”, afirmou.

Carlos ressaltou, ainda, que o trabalho ajuda a população a compreender melhor a relevância da conservação das lagoas intermitentes da região, que abrigam uma grande biodiversidade. “As campanhas realizadas mostram como a degradação ambiental pode acelerar a extinção de espécies microendêmicas, que muitas vezes são desconhecidas pelo público em geral”, destacou. 

Durante as atividades, a equipe encontrou um indivíduo da espécie Hypsolebias stellatus, cuja última ocorrência registrada havia sido em 2014. Também foram identificados exemplares de Hypsolebias helnery, Hypsolebias auratu, Hypsolebias sp. Trilineatus e Simpsonichthys punctulatus. Essas espécies de peixes estão criticamente ameaçadas, e as descobertas representam avanços significativos para a ciência e para os esforços de conservação.

Plano de Ação Territorial

O IEF participa, desde 2020, do Projeto Pró-Espécies: Estratégia Nacional para conservação de espécies ameaçadas, coordenando a elaboração e a execução dos Planos de Ação Territorial (PAT) para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção para os territórios que abrangem o estado de Minas Gerais. Um desses planos é o PAT do território, definido como Veredas Goyas-Geraes. 

O território do PAT Veredas Goyas-Geraes abrange uma área com 64.423.82 km², onde o bioma predominante é o Cerrado. São 31 municípios – 16 em Goiás e 15 em Minas Gerais – cuja ocupação socioeconômica inclui áreas agrícolas, urbanas e assentamentos. 

São alvo desse PAT nove espécies Criticamente Ameaçadas de Extinção, atualmente não contempladas por nenhum instrumento de conservação oficial (CR lacunas), sendo 4 da flora, 3 peixes, 1 invertebrado de água doce e 1 mamífero. Os efeitos positivos das ações do plano também serão refletidos em pelo menos outras 99 espécies ameaçadas presentes no território (espécies beneficiadas). A coordenação é compartilhada entre IEF e Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Goiás (Semad-GO).

O Projeto Pró-Espécies é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), financiado pelo Fundo Global de Meio Ambiente e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), sendo a agência executora o WWF-Brasil em parceria com os estados.

Ascom/Sisema