Uma nova espécie da flora foi encontrada no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, localizado no Quadrilátero Ferrífero, um dos mais ricos ecossistemas de Minas Gerais. A descoberta da Microlicia ferricola Versiane é fruto do trabalho conjunto de pesquisadores da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e destaca a importância da pesquisa para o conhecimento e conservação da biodiversidade.
O nome da espécie é uma referência ao solo rico em ferro do local onde foi encontrada. A Microlicia ferricola Versiane foi descrita em um artigo recentemente publicado na revista Phytotaxa, por Ana Flávia Versiane, Maria José Reis da Rocha, Amanda Alves Santos e Rosana Romero, e está restrita a uma área protegida no Quadrilátero Ferrífero.
A nova espécie é da família botânica das Melastomataceae, que no Brasil ocupa o quinto lugar entre as maiores famílias de angiospermas, com 59 gêneros e cerca de 1.480 espécies. Destas, aproximadamente 973 são endêmicas, ou seja, só existem em determinadas regiões. Essas plantas são fundamentais para a recuperação de áreas degradadas e possuem grande potencial ornamental e medicinal, o que as torna de extrema importância ecológica e econômica.
A pesquisa
A pesquisadora da UEMG, Maria José Reis da Rocha, lidera um estudo sobre a família botânica das quaresmeiras, que possui grande importância ecológica e econômica. O projeto tem como objetivo principal o inventário e análise das espécies de presentes no Parque, com enfoque florístico e taxonômico.
O estudo completo, incluindo pranchas ilustrativas da espécie e chaves para a correta identificação dos táxons já foi aceito e, em breve, será publicado na revista Rodriguésia, do Jardim Botânico, do Rio de Janeiro. Além disso, a pesquisa também busca correlacionar essas espécies com as diferentes formações vegetacionais do Parque, observando suas possíveis associações ecológicas.
Outro ponto central da pesquisa é a análise da distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae, identificando aquelas que podem ser raras ou endêmicas, com distribuição restrita a áreas específicas de Minas Gerais. A classificação das espécies de acordo com as categorias de conservação também faz parte do estudo, o que contribui diretamente para o desenvolvimento de estratégias de preservação.
Maria José Reis da Rocha ressalta a importância do Parque Estadual da Serra do Rola Moça como uma área estratégica para a conservação, principalmente em um contexto onde a mineração exerce grande pressão sobre a biodiversidade local.
Embora a Convenção da Diversidade Biológica recomende a criação de áreas protegidas para garantir a conservação dos ecossistemas, apenas 2% da área do Quadrilátero Ferrífero, onde o Parque se encontra, está protegido por unidades de conservação de proteção integral. O restante da região é afetado por atividades mineradoras, o que agrava a necessidade de ações efetivas para a preservação da biodiversidade.
A pesquisa sobre as quaresmeiras no Parque é, portanto, de grande relevância não apenas para o entendimento das espécies presentes na região, mas também para fornecer dados cruciais que podem ser usados em ações conservacionistas voltadas para a proteção do Parque e de suas riquezas naturais.
A unidade de conservação
O Parque Estadual da Serra do Rola Moça, localizado no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, é um dos cenários mais ricos e complexos do estado, tanto em termos de biodiversidade quanto de desafios para a conservação. Neste contexto, a pesquisadora Profa. da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), enfatiza a importância das coletas botânicas e dos estudos florísticos no parque.
As Unidades de Conservação, como o Parque Estadual da Serra do Rola Moça, são fundamentais para proteger a biodiversidade do país, abrigando uma enorme variedade de espécies e ecossistemas. Contudo, o Parque embora seja um local de alta relevância ecológica e rica diversidade biológica, ainda possui lacunas significativas no conhecimento sobre sua flora. De acordo com a pesquisa da Profa. Maria José, a composição florística da região precisa ser mais detalhada para que as ações de preservação sejam mais eficazes.
Wilma Gomes
Ascom / Sisema