2º Combio: Áreas protegidas garantem conhecimento científico

Notícia

Qui, 24 abr 2008


Representantes de órgãos ambientais, comunidade acadêmica, organizações não governamentais, entre outros, discutiram sobre pesquisa e conservação da biodiversidade nas unidades de conservação. Para o coordenador geral de Espécies Ameaçadas, do Instituto Chico Mendes (ICM), Onildo Marini Filho, faltam áreas protegidas e, principalmente, estudos sobre as espécies, por deficiência na priorização das pesquisas e do pequeno número dos pesquisadores.

O Brasil ainda tem poucas espécies catalogadas sendo que, em 2005, havia cerca de 120 mil espécies. Segundo o representante do ICM, desde então, pouco se avançou nessa área. "Nosso estágio de conhecimento está muito aquém na necessidade para a preservação das espécies", afirma Onildo Marini. Para ele, "o meio ambiente é tratado de forma secundária dentro das políticas públicas".

Previsões do Instituto Chico Mendes para o ano de 2010 indicam que a lista de espécies ameaçadas aumente entre 0,1 a 10 espécies por ano, numa visão otimista. Os dados mostram que as espécies da Mata Atlântica são as mais vulneráveis sofrendo pressões como a degradação ambiental, a fragmentação e a perda de habitats.

Incentivo

A falta de investimentos em pesquisa e um certo desinteresse na formação de profissionais foram destacados como pontos fracos na formação de conhecimento a respeito da biodiversidade. O tema foi discutido em uma das oficinas do Combio, com o tema "Pesquisa Científica e o Monitoramento das Unidades de Conservação".

Foram apresentados alguns casos de pesquisas para exemplificar situações e provocar discussões entre os participantes. O professor da Universidade Federal de Goiás (UFV), Paulo De Marco Júnior, reforçou a importância da ciência para a mudança de hábitos e do panorama em que se encontra o atual conhecimento científico da biodiversidade brasileira. "As ações de conservação devem estar ligadas à pesquisa científica", ressalta Paulo.

Uma das sugestões extraída das discussões foi de que os órgãos de meio ambiente incentivem a capacitação do corpo técnico, além de incentivo à pesquisa. Porém, com ressalva de que as pesquisas devam ser planejadas de modo a atender às necessidades de conhecimento científico e que tenham aplicabilidade para as áreas protegidas e para as comunidades do entorno das unidades.

Minas

Em Minas o responsável pela gestão das unidades de conservação, bem como pela definição das áreas de importância para a preservação, é o Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão que compõe o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema). Para esta atividade, de fundamental relevância na preservação ambiental, foi criada a diretoria de Áreas Protegidas, sob a coordenação da bióloga Aline Tristão.

A diretora explica que é importante que as pesquisas auxiliem na gestão das UCs como os estudos sócio-ambientais, de potencialidade turística, além das relacionadas à biodiversidade, que podem, inclusive, auxiliar no plano de manejo dessas unidades. Para Aline Tristão, no entanto, não se pode diminuir a relevância de nenhum trabalho de pesquisa. "Nas unidades de conservação nossos clientes são os seres que ocupam o espaço e todo estudo que possibilite e ainda amplie nosso conhecimento sobre os animais e plantas das áreas pesquisadas são relevantes", afirma.

Minas Gerais possui 176 unidades de conservação de Proteção Integral e de Uso Sustentável, num total de 2,4 milhões de hectares de áreas protegidas.


23/04/2008
Fonte:
Sala de Imprensa
2º Congresso Mineiro de Biodiversidade