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Instituto Estadual de Florestas - IEF

Nova espécie de libélula é descoberta no Parque Estadual do Itacolomi

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Foto: Walter Ávila Júnior/Divulgação

Libélula Puro Preto2

Nova espécie foi encontrada pelo pesquisador Walter Ávila no Parque Estadual do Itacolomi

 

Minas Gerais registra mais uma nova espécie de libélula descoberta em uma unidade de conservação gerenciada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). Depois da divulgação de novas espécies identificadas em coletas realizadas entre 2015 e 2017 no Parque Estadual da Serra do Papagaio, no Sul de Minas, e também na Área de Proteção Ambiental (APA) Cachoeira das Andorinhas, em Ouro Preto, dessa vez uma nova espécie foi identificada depois de ser coletada em 2018 no Parque Estadual do Itacolomi, também em Ouro Preto, na Região Central do Estado. Trata-se da espécie Heteragrion itacolomii, libélula já teve o trabalho de descrição publicado por uma revista científica, e foi batizada em homenagem à unidade onde foi encontrada.


Praticamente todas as unidades de conservação de proteção integral têm entre seus objetivos a realização de pesquisas científicas. O diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Antônio Malard, ressalta que “muitas vezes os parques são lembrados por sua beleza natural, e, de fato, eles são muito belos. No entanto, essas descobertas nos mostram como essas unidades são muito importantes para a pesquisa científica e para as novas descobertas”, destacou Malard.


Os responsáveis pelo achado são os pesquisadores Walter Ávila Júnior, Frederico Lencioni e Marco Antônio Carneiro. Walter fez a coleta do animal quando trabalhava como monitor ambiental do Parque Estadual do Itacolomi e, atualmente, é mestrando no Programa de Ecologia de Biomas Tropicais na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). O título do trabalho que está em andamento é “Os topos de montanha funcionam como ilhas para espécies de libélula?”. O pesquisador conta que teve o apoio direto de Frederico Lencioni, que é uma referência no Brasil para estudos do gênero de libélulas Heteragrion e entre outras, na descrição do animal, e ainda de seu orientador de mestrado Marco Antônio Carneiro, já que o trabalho é um dos capítulos da sua dissertação. Os três também são responsáveis pela descoberta que ocorreu na APA Cachoeira das Andorinhas, que teve publicação científica confirmando o trabalho em dezembro de 2017 (leia mais abaixo).


DIFERENÇA


A grande questão que torna essa espécie como uma nova, segundo o pesquisador, está nas características do chamado apêndice caudal, que fica no final do abdômen e é diferente de outras espécies do gênero. Cientificamente essa diferença está basicamente na “morfologia da expansão ventral e no processo medial dos cercos”. Para se chegar à conclusão de que é uma nova espécie, um extenso trabalho em laboratório é desenvolvido depois da coleta. Uma comparação minuciosa é feita com descrições de outras espécies e, quando não é possível ter acesso a outras descrições, a comparação é feita em coleções científicas.


Antes de ser confirmada de que se se tratava de uma nova espécie, essa avaliação ainda passou pelo crivo de uma revista científica. “Cada espécie tem um conjunto de características diferentes. No caso desse gênero Heteragrion, essas diferenças estão mais voltadas para o apêndice caudal. Então, no laboratório fazemos comparações para chegar a um consenso. Depois, mandamos para a revista, que tem outros especialistas. Eles leem o trabalho e fazem análises e questionamentos, um processo chamado de revisão por pares. A partir daí eles publicam e a gente comprova que é uma nova espécie”, afirma Walter Júnior. O trabalho foi publicado em 18 de maio deste ano pela revista Zootaxa e pode ser acessado neste link.

 

Libélula OuroPreto 1

Exemplar macho (A) e exemplar fêmea (B) da nova espécie Heteragrion itacolomii


RELEVÂNCIA AMBIENTAL


Walter Ávila Júnior acrescenta que essa descoberta traz um indicador importante para o Parque do Itacolomi. “Normalmente esse gênero de libélulas está associado a uma boa qualidade ambiental, principalmente no que diz respeito à água. Se a água não tiver com uma qualidade boa, o ovo da libélula pode não eclodir. É claro que para essa espécie ainda é necessário desenvolver estudos para se chegar a essa conclusão, mas esse é um indicador para a presença de libélulas do gênero Heteragrion”, afirma o pesquisador.


Ainda segundo ele, o trabalho mostra a importância do Parque do Itacolomi para a conservação da fauna. “Além de ser uma nova forma de vida descoberta, temos um novo conhecimento sendo gerado e um aumento no número da biodiversidade. Os gestores das Unidades de Conservações, além de estimular o uso público, podem contar com as peSquisas científicas desenvolvidas nas próprias unidades para ter o conhecimento do que de fato estão conservando, e assim, nortear os trabalhos de manejo e monitoramento. ”, completa o especialista.


DESCOBERTA ANTERIOR


Não é a primeira vez que o pesquisador Walter Ávila Júnior encontra uma nova espécie de libélula para a ciência. Em dezembro de 2017 foi publicado na revista alemã Odonatologica o trabalho de descrição da espécie Heteragrion cauei, batizada em homenagem ao seu filho Cauê, encontrada na APA Cachoeira das Andorinhas, que também é administrada pelo IEF em Ouro Preto. Na ocasião, o trabalho repetiu a mesma parceria com Frederico Lencioni e Marco Antônio Carneiro, que também são responsáveis pela descrição.


MAIS DESCOBERTAS EM UNIDADES DO IEF


O IEF divulgou, em março deste ano, outro trabalho que encontrou duas novas espécies de libélula no Parque Estadual da Serra do Papagaio, conduzido pelos pesquisadores Marcos Magalhães, do Instituto Federal Sul de Minas, e Caio dos Anjos, mestrando da Universidade Federal do Paraná. O trabalho de campo gerou a coleta, entre 2015 e 2017, de exemplares de cerca de 70 espécies, enviados à Coleção Entomológica Padre Jesus Santiago Moure, da UFPR. O professor Ângelo Parise, que é responsável pela coleção, trabalhou em conjunto com a dupla para descrever as espécies.


Os pesquisadores concluíram que duas espécies coletadas são uma novidade para a ciência. No caso da primeira delas, da família Libellulidae para o gênero Erythrodiplax, o trabalho de descrição já foi concluído e enviado para uma revista científica, aguardando apenas a publicação. No outro caso, da espécie que pertence à família Heteragrionidae e ao gênero Heteragrion, os trabalhos de descrição ainda não foram concluídos.


Guilherme Paranaiba
Ascom/Sisema

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