Foto: Guilherme Paranaiba
Os animais passam por triagem e reabilitação antes de chegarem às áreas de soltura
O projeto Áreas de Soltura de Animais Silvestres (Asas), de gestão compartilhada entre o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sagrou-se, na noite dessa quinta-feira (28/01), campeão da 11ª edição do Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade e Amor à Natureza. O título foi conquistado como melhor exemplo em biodiversidade na categoria Fauna. Além da conquista do Asas, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) levou mais um prêmio. A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Carvalho de Melo, foi escolhida a Personalidade do Ano.
O Asas, que conta com a colaboração e parceria do Instituto de Pesquisa Waita, promove o retorno de animais silvestres à natureza após passarem por tratamento e reabilitação nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) e nos Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) de Minas Gerais, compartilhados ou não com o Ibama.
A iniciativa premiada consiste na identificação e cadastro de propriedades rurais com condições ambientais e estrutura adequadas ao recebimento de animais da fauna silvestre, com objetivo de devolvê-los aos seus habitats naturais. Os proprietários dessas áreas se voluntariam para apoiar o Estado na execução do projeto. Atualmente, 62 propriedades estão cadastradas e aptas para uso em Minas Gerais e a expectativa do IEF e do Ibama é quase triplicar o número até 2024.
O diretor-geral do IEF, Antônio Malard, comemorou o resultado e destacou que a vitória é o reconhecimento de um trabalho árduo que começa nos Cetas e nos Cetras, onde esses animais passam por triagem e reabilitação, antes de chegarem às áreas de soltura. “Essa premiação nos motiva para que o projeto cresça ainda mais e para que interessados em colaborar com essa iniciativa, como proprietários rurais, enxerguem a importância do projeto e juntem-se a nós para que tenhamos cada vez mais possibilidades de áreas de soltura”, diz o diretor-geral.
Já o superintendente do Ibama em Minas Gerais, Ênio Fonseca, pontuou que a vitória expressa o reconhecimento da sociedade civil para o excelente trabalho que é feito entre Ibama e IEF, com o apoio de parceiros. “Todos nós que estamos envolvidos com essa atividade nos sentimos muito satisfeitos, porque durante todo o período em que o Asas existe foram mais de 100 mil animais que retornaram à natureza”, diz o superintendente, reforçando a intenção de ampliar as áreas de soltura no Estado.
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28 ANOS DE TRABALHO
Foto: Divulgação/IEF
Após triagem e reabilitação, os animais aptos à soltura são encaminhados às áreas previamente selecionadas
O número de mais de 100 mil solturas mencionado pelo superintendente diz respeito a um período de 28 anos, que se iniciou em 1992, quando as Asas começaram a ser utilizadas pelo órgão federal. Desse total, mais de 30 mil animais retornaram para seus ambientes naturais a partir de 2013, quando o IEF assumiu a gestão da fauna silvestre no Estado.
Após triagem e reabilitação, os animais aptos à soltura são encaminhados às áreas previamente selecionadas, onde passam por uma etapa de aclimatação até serem finalmente soltos. Os animais são libertados sempre priorizando o seu bem-estar e a chance de cumprirem o seu importante papel na manutenção do equilíbrio ecológico.
A diretora de Proteção à Fauna do IEF, Liliana Adriana Nappi Mateus, lembra que a soltura busca minimizar os danos ambientais provocados pela retirada dos animais silvestres, o que compromete as funções ecológicas exercidas pelas espécies no habitat natural. “Ao devolver as espécies da fauna silvestre para a natureza, buscamos principalmente o equilíbrio ambiental ao reforçarmos as populações existentes na área e aumentarmos o tempo de sobrevivência dessas espécies e a biodiversidade local”, afirma a diretora, parabenizando todos os servidores envolvidos no trabalho premiado.
Os bichos que vão para soltura nas Asas são encaminhados dos Cetas de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Montes Claros, do Cras de Nova Lima e dos Cetras de Patos de Minas e, agora, a partir deste ano, também de Divinópolis.
O médico-veterinário Rafael Ferraz de Barros, que atua no Cetras de Patos de Minas, acrescenta que com as áreas selecionadas para soltura é possível praticar o método conhecido como soltura branda ou suave, onde os animais permanecem em recinto fechado até que se recuperem do estresse do manuseio e do transporte, e se familiarizem com o clima local, pontos de referência e alimentos naturais, permitindo os ajustes comportamentais necessários para a sua sobrevivência na natureza.
“Nesses locais eles encontram pontos de alimentação, de água e estão em um lugar que foi previamente selecionado. Então, a chance de sobrevivência aumenta bastante”, diz o veterinário.
PARCERIA CONTINUA
Segundo a presidente do Instituto de Pesquisa Waita, Fernanda de Souza Sá, a instituição tem grande orgulho de fazer parte e de contribuir com um projeto com o potencial do Asas. De acordo com ela, o instituto segue trabalhando junto ao IEF e ao Ibama para aumentar ainda mais a iniciativa, pois quanto mais áreas cadastradas aptas para receber os animais, mais solturas se tornam possíveis.
“É importante termos disponibilidade porque as áreas passem por rodízio. Não podemos soltar sempre na mesma área, isso pode atrapalhar o ecossistema da região. Como o número de animais é grande, ter mais áreas aptas para a soltura cria agilidade no processo e os animais ficam menos tempo fora da natureza”, afirma.
SECRETÁRIA MARÍLIA MELO TAMBÉM É AGRACIADA
Além da vitória na categoria fauna, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) também levou o Prêmio Hugo Werneck na categoria personalidade do ano, que ficou com a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo. Ela é a primeira mulher a assumir o cargo de secretária de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais, cadeira que ocupa desde setembro do ano passado.
A secretária tem 42 anos, é engenheira civil, mestre em saneamento, meio ambiente e recursos hídricos. Se especializou em gestão e é doutora em recursos hídricos desde 2016. A secretária iniciou sua carreira no Governo de Minas em 2002 e a partir de 2006 se tornou servidora de carreira do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Desde 2011 vem atuando como dirigente do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) em posições diversas, com destaque para a Diretoria-Geral do Igam, que ocupou por cinco anos.
MAIS PREMIAÇÃO NO GOVERNO
O Governo de Minas teve ainda outros dois reconhecimentos dentro da premiação, com projetos envolvendo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). No primeiro deles, a autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), levou o Destaque Estadual pelo Conjunto da Obra. Em outra categoria, a Prefeitura de Glaucilândia foi homenageada com o projeto executado em parceria com a Emater-MG, ocupando o 1° lugar na categoria “Tecnologias Sociais Sustentáveis”.
PRÊMIO HUGO WERNECK
Em sua 11ª edição, o Prêmio Hugo Werneck se tornou uma referência nacional no reconhecimento de ações, iniciativa e projetos voltados à sustentabilidade e à manutenção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. A premiação acumula mais de mil inscrições e indicações recebidas e 146 vencedores e homenageados. Parte integrante do calendário institucional, empresarial e político do país, a iniciativa visa reconhecer, divulgar e premiar os melhores exemplos de gestão, revitalização e preservação ambiental, bem como indicações de pessoas e instituições dedicadas à causa da sustentabilidade em todo o país.
Nesta edição de 2021, o tema da premiação foi “Tempos Futuros: de Charles Chaplin à indústria 4.0”. O objetivo foi mostrar a evolução ambiental ocorrida desde a primeira Revolução Industrial, quando o ser humano foi subjugado pelas máquinas, causando desemprego em massa na época, até os dias de hoje, quando já se vislumbra a Quarta Revolução, em curso, também chamada “Indústria 4.0”, que irá mudar o modo de produzir e consumir da humanidade. Isso se dará com o uso inteligente e cada vez menor de recursos naturais, multiplicando em muito a atual produtividade industrial.
Idealizado pela Revista Ecológico e o Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Sindiextra)/Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o prêmio tem como principal correalizador, pelo segundo ano consecutivo, o Sistema Fiemg. Conta também com a participação do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e seus órgãos colegiados: Igam, IEF e Feam. E, a nível regional e nacional, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A supervisão técnica da Fundação Dom Cabral. A parceria da Rede Globo Minas. A legitimação do Centro Hugo Werneck de Proteção à Natureza. O apoio da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) e o engajamento da Fundação SOS Mata Atlântica.
VENCEDORES DA 11ª EDIÇÃO
Destaque Municipal
Resgate Animal Rio Arrudas, BH (MG)
Destaque Estadual
Emater, MG
Melhor Exemplo em “Água”
Instituto Espinhaço, Mariana (MG)
Melhor Exemplo em “Fauna”
Projeto Asas (MG)
Melhor Empresa
Cenibra (MG)
Melhor Exemplo em “Mobilização Social”
Claudinei Luiz da Silva, Santana do Riacho (MG)
Melhor Projeto de Parceiro “Sustentável”
Programa Germinar Gerdau, Ouro Branco (MG)
Personalidade do Ano
Marília Carvalho de Melo (MG)
Destaque Nacional
Instituto Albatroz, Santos (SP)
Melhor Anúncio
Natura, São Paulo (SP)
Melhor Empresário
Israel Kalbin, Rio de Janeiro (RJ)
Melhor Exemplo de Amor à Natureza
João e Dindim , Ilha Grande (RJ)
Melhor Documentário
David Attenborough e Nosso Planeta, Londres (ENG)
Guilherme Paranaiba
Ascom/Sisema