Foto: Reprodução Youtube
Durante o evento, o público foi apresentando ao Projeto Conexão Mata Atlântica, que desenvolve ações de recuperação ambiental nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro
O bioma Mata Atlântica, que tem em Minas 13 milhões de hectares preservados, foi tema de debate promovido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) no evento de encerramento da Semana Florestal 2020, na última sexta-feira (25/09). No webinar “Conexão Mata Atlântica - Quebrando Paradigmas na Restauração Ambiental”, transmitido ao vivo pelo canal da Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) no Youtube, o público foi apresentado à iniciativa que promove ações de recuperação da biodiversidade no corredor sudeste da Mata Atlântica brasileira, com atuação em Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto já foi responsável no território mineiro pela proteção de 283 nascentes, plantio de 719 mil mudas e recuperação de quase 400 hectares.
A abertura do webinar contou com a participação do diretor-geral do IEF, Antônio Malard, que ressaltou a importância das parcerias institucionais para a preservação da Mata Atlântica no Estado. “Cada vez mais estamos unindo esforços por meio de ações integradas de conservação e restauração de biomas ameaçados, e o Conexão Mata Atlântica é um projeto pioneiro dentro desta perspectiva de alinhamento institucional voltado à preservação ambiental”, destacou.
O diretor-geral do IEF lembrou ainda que, com os 13 milhões de hectares, Minas Gerais é atualmente o estado com maior remanescente de Mata Atlântica do país. “Esse resultado se deve, em grande parte, às ações de monitoramento e fiscalização praticadas pelo poder público estadual, que vão além da legislação federal exigindo uma compensação ambiental de dois hectares para cada hectare de vegetação do bioma suprimido”, frisou.
Iniciando o ciclo de palestras do evento, o analista ambiental do IEF e coordenador do Projeto Conexão Mata Atlântica no Estado, Marcelo Araki, apresentou as principais ações e programas executados no âmbito do projeto em Minas Gerais, além de um breve histórico da iniciativa, que atua ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
De acordo com o coordenador, o projeto já foi responsável, desde sua criação em 2016, pela capacitação de mais de 1.000 produtores rurais, com ações de educação ambiental e fomento ao uso de tecnologias de produção sustentáveis. “Buscamos mostrar aos produtores rurais que a conservação anda junto com a produção e oferecer orientações para que eles possam se tornar parceiros do projeto na recuperação de áreas degradadas”, destacou.
Na sequência do webinar, o analista ambiental da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade (URFBio) Zona da Mata, Dalyson Cunha, apresentou os principais resultados do projeto no Estado. Segundo o analista, o Conexão Mata Atlântica já conta com cerca de 1.500 hectares cadastrados em Minas Gerais, dos quais 384 constituem sistemas agroflorestais, estrutura de manejo ambiental que combina plantio comercial e reflorestamento, promovendo o uso sustentável da terra.
Dalyson Cunha ainda lembrou que os números de plantio, proteção de nascentes e recuperação de áreas se revertem em benefícios econômicos. “Podemos observar que a recomposição da vegetação, principalmente em áreas de recarga hídrica, tende a ser benéfico não apenas do ponto de vista ambiental, mas também econômico, pois torna o terreno do produtor rural que participa do projeto mais propenso a novas culturas e melhor estruturado para a manutenção da pecuária”, ressaltou o analista do IEF.
Buscando ampliar o conhecimento do público com relação ao plantio sustentável por meio de sistemas agroflorestais, o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Silvio Nolasco, abordou as principais técnicas baseadas no sistema. Em sua palestra, ele apresentou as vantagens dos sistemas agroflorestais, se comparado aos modelos convencionais, por permitir a reutilização de áreas antes improdutivas e o favorecimento de processos ecológicos por meio da conservação de solos, recarga de aquíferos e estocagem de carbono.
Segundo Nolasco, o espectro de possibilidades dos sistemas agroflorestais torna o modelo de produção extremamente versátil e altamente adaptável a projetos que buscam novas perspectivas de produção sustentável no campo, como ocorre no Projeto Conexão Mata Atlântica. “Nossa unidade de trabalho é a propriedade rural e essas áreas envolvem inúmeras variáveis em seu processo produtivo. Precisamos buscar modelos de produção alternativos, capazes de garantir a continuidade de nossos biomas, bem como da biodiversidade”, explicou o professor.
Encerrando a programação do evento, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Marcelo Muller, apresentou técnicas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) na recuperação de propriedades rurais. O pesquisador apresentou a definição conceitual do ILPF, que consiste em uma estratégia de diversificação de uso da terra nos quais diferentes atividades agropecuárias ou florestais são exploradas de forma integrada.
“Temos no modelo ILPF um sistema que se adequa à paisagem rural e traz sustentabilidade na medida em que se tem práticas conservacionistas de não revolvimento do solo, formação de terraços e presença arbórea. Além disso, temos a ampliação de recursos florestais, o que garante a viabilidade econômica dos projetos que adotam este sistema de produção agrícola”, disse o pesquisador.
BALANÇO DA SEMANA FLORESTAL
Durante os cinco dias de programação, a Semana Florestal 2020, contou com cerca de 20 palestras sempre com temas ligados à conservação e recuperação ambiental por meio de ações de inovação tecnológica e parcerias institucionais, atingindo um público superior a 2000 pessoas nas transmissões ao vivo realizadas pelos canais de divulgação do Sisema.
Edwaldo Cabidelli
Ascom/Sisema