Fotos: Divulgação/IEF
Webinar reuniu representantes da Semad, IEF, Ibama, Ministério Público e entidades parceiras
Órgãos envolvidos na defesa da fauna em Minas Gerais se reuniram, na manhã dessa terça-feira (22/9), no evento ‘Parcerias para Fortalecimento da Gestão da Fauna Silvestre em Minas Gerais’, para falar das relações institucionais realizadas no Estado em defesa da fauna. O evento foi organizado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e faz parte da programação da Semana Florestal. A realização também é comemorativa pelo Dia Nacional de Defesa Fauna.
A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, e o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, foram os anfitriões do evento. Ainda participaram das discussões o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Polícia Militar de Meio Ambiente (PMAmb), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto de Pesquisa Waitá, a Cenibra e a Ibitipoca Reserva Ambiental.
Na abertura do evento, a secretária Marília Melo destacou as ações desempenhadas pela Semad na gestão da fauna doméstica, e do IEF, na fauna silvestre. “É um tema absolutamente importante e, trabalhando em sintonia, Semad e IEF têm obtido resultados expressivos”, avaliou.
O diretor-geral do IEF, Antônio Malard, também enalteceu a parceria, não somente com a Semad, mas com todos os órgãos presentes. Entre os resultados obtidos, segundo ele, está o trabalho de reabilitação de animais silvestres, juntamente ao Ibama. Entre janeiro de 2019 e agosto de 2020, cerca de 10 mil espécies foram atendidas nos três Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), que são compartilhados com Ibama, e no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), gerido apenas pelo IEF.
Deste total, cerca de 70% dos animais que chegam aos centros vêm de apreensões em operações de fiscalização realizadas pelos órgãos de meio ambiente estaduais e federais. “Hoje comemoramos essa data tão importante, com números expressivos, que representam a efetividade das ações desempenhadas pelo IEF e seus parceiros na gestão da fauna no estado. Sabemos que muito ainda deve ser feito e cada um dos órgãos que atuam em sua defesa têm extrema relevância para o alcance de bons resultados”, frisou.
Malard ainda citou que, atualmente, um dos principais desafios na gestão da fauna silvestre é desmantelar organizações criminosas que atuam no tráfico de animais. “Na última semana tivemos a operação Macaw, que contou com MPMG, MPRJ, as Polícias Militar e Civil de Minas Gerais, Semad, Ibama e Polícia Rodoviária Federal, e foi inovadora porque fizemos coleta de DNA para teste de paternidade dessas espécies. Com isso, evitamos que criminosos comercializem esses animais inofensivos por meio do tráfico”, ressaltou o diretor-geral.
Operação Macaw terminou com o resgate de mais de 100 animais que estavam em poder de criminosos
A Promotora de Justiça e Coordenadora Estadual de Defesa da Fauna do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Luciana Imaculada de Paula, também lembrou os feitos da operação Macaw como exemplos a serem seguidos no Estado. Ela ainda lembrou a criação da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna, criada pelo MP, e que reúne todos os órgãos envolvidos na pauta em Minas Gerais. “Diante do atual cenário eu fico pensando se temos motivos a comemorar ou somente para refletir. Mas, em Minas, temos muito a celebrar. A defesa da fauna no Estado é destaque e tem sido motivo de grande orgulho para todas as instituições que atuam nesta pauta”, frisou a promotora. O chefe do Estado Maior do Comando de Policiamento de Meio Ambiente da Polícia Militar de Minas Gerais, tenente-coronel Noir Antônio Ferreira, disse que a defesa da fauna também passa pela conscientização da população em denunciar episódios de maus-tratos e tutela indevida.
Segundo ele, em 2019 e 2020, o esforço conjunto com MPMG, Semad, IEF, Ibama resultou em quatro grandes operações de combate ao tráfico de animais silvestres no estado. “Isso é um avanço fantástico, se comparado a outros anos, e é fruto de união de esforços e compartilhamento de informações”, explica o militar. “Quando começamos a incomodar os criminosos, estamos no caminho correto. Vamos nos estruturar cada dia mais para continuar nessa luta incansável”, acrescentou.
Superintendente do Ibama em Minas, Ênio Fonseca reforçou o comentário do tenente-coronel e afirmou que os desafios têm exigido cada vez mais a eficácia dos órgãos ambientais. “O Ibama considera a defesa da fauna como um trabalho prioritário e importante que ocupa boa parte da nossa gestão diária. Isto para que as ações sejam bem feitas e com os melhores resultados para o Meio Ambiente”, ponderou.
REABILITAÇÃO DE ANIMAIS
Nas Asas, os animais são reintroduzidos à natureza com segurança para evitar futuras capturas ilegais
Do total de 10 mil animais silvestres recebidos nos Centros de Triagem de janeiro de 2019 a agosto de 2020, cerca de 6 mil animais foram reintegrados ao ambiente natural. As espécies são devolvidas à natureza em 52 Áreas de Soltura de Animais Silvestres (Asas), distribuídas no território mineiro e devidamente cadastradas nos órgãos ambientais. Estas áreas são compartilhadas com o Ibama. Até o final de 2024, por meio de suas Unidades Regionais de Florestas e Biodiversidade (URFBios), o IEF e o Ibama pretendem selecionar e cadastrar mais 100 novas áreas.
Além disso, o Instituto também deve aumentar o número de estruturas disponíveis para atender animais oriundos de recolhimento, resgate e apreensões. Também está prevista para novembro deste ano, a inauguração de mais um Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras). A unidade funcionará em Divinópolis e terá capacidade para recebimento de 3.000 animais por ano.
A estrutura está sendo construída com recurso de Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), assim como ocorreu na construção do Cetras de Patos de Minas, inaugurado em 2019.
O IEF também possui acordos de cooperação técnica com diversas instituições para o desenvolvimento de atividades de conservação, preservação, pesquisa científica, atividades de educação ambiental, capacitação e manejo de animais nos Centros de Triagem.
O Instituto de Pesquisa Waitá, por exemplo, presta apoio às atividades dos Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) e dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) com realização de ações de recebimento, tratamento, enriquecimento de viveiros, reabilitação e soltura dos animais silvestres, auxiliando nas ações de inventário nas áreas e monitoramento da soltura dos animais silvestres sob a gestão do IEF/Ibama. “O Waitá tem como grande preocupação e atuação a defesa dos animas silvestres dando enfoque maior às espécies vítimas de tráfico porque é grande o número dos animais no Cetas/Cetras vítimas de tráfico. Em 2019 foram 42 voluntários atuando no Cetas/Cetras no manejo dos animais, desde o momento que ele chega até a hora da soltura”, explicou a presidente do Instituto de Pesquisa Waitá, Fernanda de Souza.
No âmbito da conservação, o estabelecimento de parceria com a Celulose Nipo Brasileira visa ampliar o Projeto Mutum, com a reintrodução de aves da fauna silvestre ameaçadas de extinção, Crax blumenbachii, Aburria jacutinga e Tinamus solitarius, em área de propriedade da empresa. O termo de cooperação com a Ibitipoca Reserva Ambiental para o Projeto Refauna Ibitipoca visa a reintrodução de aves e mamíferos da fauna silvestre, ameaçadas de extinção, no município de Lima Duarte.
Para a diretora de Proteção à Fauna do IEF, Liliana Nappi as parcerias entre o IEF, outros órgãos públicos e entidades privadas, tornam o trabalho menos árduo. “Cada vez mais é necessário unir esforços, não somente para o enfrentamento contra o tráfico de animais, como também para o desenvolvimento de ações e planos de conservação da fauna silvestre”, finalizou Liliana.
Simon Nascimento
Ascom/Sisema