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Instituto Estadual de Florestas - IEF

No aniversário de 11 anos, Gruta Rei do Mato ganha visitação virtual de presente

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Foto: Jonatan Lopes

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Gruta Rei do Mato é uma das cavernas mais visitadas do Brasil. Clique na imagem para conferir o tour 360 graus 

 

Levar inclusão a quem tem dificuldades de acessar uma das cavernas mais visitadas do Brasil, com apoio da tecnologia, é o objetivo do projeto lançado nesta terça-feira (25/08), para celebrar o aniversário de 11 anos do Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato. A unidade de conservação, localizada em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais, foi presenteada com um vídeo, com imagens em 360 graus, que permitem ao visitante entrar na caverna, usando óculos de realidade virtual e um celular próprio para essa tecnologia. A novidade é fruto de um projeto de mestrado do Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm) e foi lançada oficialmente durante reunião do conselho consultivo da unidade.


O projeto foi desenvolvido pelo biólogo Wanderson Renato Silva de Jesus, que agora é mestre em biotecnologia e gestão da inovação, e surgiu com a ideia de ampliar a visitação da unidade de conservação gerenciada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), especialmente para as pessoas que possuem alguma dificuldade de acesso, como cadeirantes, idosos, entre outras pessoas. A intenção é que quem não tem condições, por exemplo, de vencer os 131 degraus com desnível de 30 metros, possa usar essa tecnologia no centro de visitantes da unidade.


No entanto, como todas as unidades de conservação do IEF em Minas estão fechadas para visitação em razão da pandemia de Covid-19, a visita virtual, que inicialmente nasceu para funcionar na própria Gruta Rei do Mato, acabou caindo com uma luva, não só para quem tem a mobilidade reduzida, mas também para qualquer um que queria conhecer a caverna e agora pode fazer isso da própria casa.


Isso porque o vídeo está disponível no canal Meio Ambiente Minas Gerais no Youtube, do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema). Nesse caso, o visitante virtual precisa usar o mouse para arrastar a imagem e ter a dimensão em 360 graus, ou então movimentar o telefone, caso esteja visualizando de algum smartphone. A experiência com os óculos, que poderá ser testada quando a visitação nas unidades de conservação for retomada, permite a imersão mais completa, com movimentos com a cabeça para visualizar o passeio e visão em três dimensões.

 

Clique aqui para conferir o tour pela Gruta Rei do Mato em 360 graus


O diretor-geral do IEF, Antônio Malard, destacou a importância do projeto para a inclusão como uma iniciativa de inclusão social. “Este projeto é uma porta aberta a todas as pessoas, inclusive aquelas que possam ter alguma dificuldade para acesso. Ele se soma a uma iniciativa já bem sucedida no parques estaduais do Ibitipoca e Itacolomi, que são as cadeiras Juliettis, adaptadas para pessoas com dificuldade de locomoção. No IEF, são várias as iniciativas que pretendemos colocar em prática, para trazer mais acessibilidade nas áreas de uso público de nossas unidades de conservação”, afirma o diretor-geral do IEF, Antônio Malard.


ORIGEM DO PROJETO


Segundo o autor do projeto de mestrado, duas motivações foram importantes para que essa ideia saísse do papel. A primeira foi uma experiência com seu filho, que é alérgico e por isso não conseguiu visitar uma caverna de Minas Gerais que não é indicada para pessoas com alergia. A segunda foi uma conversa com a professora Camila Palhares Teixeira, que orientou seu mestrado e foi uma das incentivadoras de Wanderson para tocar o projeto.


“É muito comum nós termos situações de uma família, por exemplo, que vai visitar uma unidade como a Gruta Rei do Mato e uma das pessoas usa muleta, ou é cadeirante, ou pode ter fobia de permanecer em lugares fechados, ou qualquer outra situação. Nesse caso, uma parte da família ia fazer o passeio e outras pessoas ficariam impedidas de entrar por questões pessoais. Então, começamos a pensar como elas poderiam ter uma experiência de visitação. Foi aí que decidimos usar os recursos virtuais. Enquanto estivessem esperando, poderiam conhecer os espaços”, afirma.


Para garantir essa possibilidade, o projeto contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e também da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped). Os equipamentos adquiridos para o projeto, como a câmera 360 graus, os óculos de realidade virtual e o celular compatível com essa tecnologia foram doados à unidade de conservação. O vídeo produzido, com a visita pelos quatro salões da Gruta Rei do Mato abertos à visitação, assim como da caverna anexa conhecida como Grutinha, conta também com narração com as informações completas que são passadas aos turistas em uma visita presencial.


A gerente do MNE Gruta Rei do Mato, Maria Honorina Pereira Rocha, conta que essa era uma ideia antiga da administração da unidade, por conta da quantidade de pessoas que frequentemente chegavam para visitar, mas não tinham condições. A visitação conta com 200 metros iniciais de caminhada e depois mais 220 metros que contemplam um desnível de 30 metros com 131 degraus.


Ainda segundo ela, uma professora da Unifemm, centro universitário que é parceiro da Gruta Rei do Mato, procurou a administração e informou sobre o projeto de Wanderson, que tinha ligação com o uso público da unidade e por isso reunia condições para ser desenvolvido. “Isso para nós foi um presente, que veio de encontro com todo nosso anseio de fazer algo semelhante. E nós ainda recebemos os equipamentos, o que certamente será um grande atrativo para aquelas pessoas que não puderem entrar na caverna quando as visitações forem retomadas”, afirma a gerente.


PANDEMIA


Uma coisa que chama a atenção é que o projeto é anterior à época de pandemia pela Covid-19, vivida desde o início do ano no Brasil. Mas, com a restrição aos visitantes nas unidades de conservação, acaba sendo uma possibilidade para qualquer pessoa, que pode conhecer a caverna sem sair de casa. Segundo Wanderson de Jesus, a experiência com o uso dos óculos de realidade virtual permite uma imersão mais real, mas nada impede que o vídeo, que está disponível no canal do Sisema no Youtube (veja abaixo) possa ser acessado e visto em 360 graus.


“A minha sensação é de satisfação, de poder contribuir para levar o conhecimento científico para as pessoas que antes não tinham acesso a ele, de uma forma diferente, de um jeito inovador, com mais interação. Poder contribuir para trazer a inclusão me deixa muito satisfeito”, acrescenta Wanderson. A gerente do MNE Gruta Rei do Mato já pensa nos próximos passos para divulgar esse atrativo, por enquanto para acesso pelo computador, mas em breve para a experiência completa, com óculos e celular específicos. “Nós vamos mandar isso para todos os parceiros que temos aqui na unidade. Secretaria de Turismo, Circuito das Grutas, a ideia é fazer com que essa novidade aumente a acessibilidade da nossa unidade”, diz Maria Honorina.


SOBRE A GRUTA REI DO MATO


O Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato situa-se na região conhecida como Carste de Lagoa Santa e é uma das cavernas mais visitadas do Brasil. Ele faz parte da Rota Lund, composta também pelo Parque do Sumidouro, onde fica a Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa, e pelo Monumento Natural Estadual Peter Lund, onde está a Gruta de Maquiné, em Cordisburgo. A Gruta Rei do Mato possui formações espeleológicas de estalagmite e estalactite raras em todo o mundo.


O Carste de Lagoa Santa é uma formação geológica e geomorfológica com rochas sedimentares como calcário e dolomito. As feições superficiais apresentam paredões calcários lineares, maciços rochosos aflorantes ou parcialmente encobertos, lagos associados às dolinas ou em planícies rebaixadas, e canais subterrâneos e sumidouros. A paisagem é composta de formações remanescentes do cerrado (campos limpos, campos sujos e cerrado stricto) e de mata atlântica (floresta estacional semidecidual). Na flora, as espécies mais encontradas são ipê amarelo, bromélia do cerrado, gonçaleiro, pindaíba-vermelha, peroba-rosa, macaúba, coco-de-quaresma, araticum e mandiocão.


Há duas versões para o curioso nome da caverna. Em uma delas, conta a história de que, em meados dos anos 1930, os moradores teriam avistado um homem alto, loiro, de cabelos e barbas longas que frequentava a floresta e a gruta. Uma outra versão conta sobre um homem diferente, magro, moreno, de cabelos curtos, conhecido como Milito Pato, que teria habitado no primeiro salão da gruta. Em ambos os casos, o personagem da história teria sido apelidado de o “Rei do Mato”.


INCLUSÃO NO IBITIPOCA E ITACOLOMI


Outra iniciativa de inclusão nas unidades de conservação do estado é a Cadeira batizada de Julietti, já disponível nos Parques Estaduais do Ibitipoca e do Itacolomi. A cadeira foi desenvolvida pelo engenheiro Guilherme Simões Cordeiro, de 34 anos, para atender uma demanda da esposa, a também engenheira Juliana Tozzi, de 36, moradores de São José dos Campos, São Paulo.


Os equipamentos possuem uma única roda, o que facilita o acesso em ambientes de trilha e acidentados. O portador de dificuldades de locomoção fica assentado em um banco e preso a um cinto. A roda fica em posição central e a cadeira tem dois puxadores nas extremidades, semelhantes aos de uma maca hospitalar, o que facilita a condução sobre solos em desnível. As cadeiras são conduzidas por outras pessoas, a partir desses puxadores de apoio.


O primeiro parque a receber uma Cadeira Julietti foi o Parque Estadual do Ibitipoca quando foram adquiridas duas unidades, em janeiro deste ano. Na ocasião, três pessoas inauguraram as cadeiras para percorrer as trilhas do parque. As duas unidades foram adquiridas pelo parque com fundos arrecadados em um jantar beneficente, que contou com apoio de diversos parceiros, segundo a gerente do Ibitipoca, Clarice Silva.


Já a cadeira do PE do Itacolomi, foi doada pela Associação Regional de Proteção Ambiental (Arpa) de Ubá. “A cadeira vai proporcionar a esses usuários a possibilidade de apreciar atrativos que antes não seria possível, uma vez que o parque possui região predominantemente montanhosa, ou seja, lugares de difícil acesso”, disse a gerente do parque, Rose Belcavelo. A cadeira foi fabricada pela empresa Portal Solística, em São Paulo, por encomenda da Arpa, que custeou todo o pagamento do processo.


Guilherme Paranaiba
Ascom/Sisema

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