Há quase 30 anos, o projeto Moleque no Viveiro vem se consolidando como uma das principais ações de educação ambiental prática no interior de Minas Gerais. Idealizado pelo engenheiro florestal e servidor do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Tales da Fonseca, a iniciativa teve início em Carlos Chagas (MG), com o plantio de 1.100 árvores nativas em parceria com a comunidade local. Desde então, já envolveu mais de 3 mil estudantes e resultou no plantio de mais de 10 mil mudas, além de promover ações de recuperação de nascentes e áreas de mata ciliar.
Atualmente vinculado à Agência Avançada do IEF em Lima Duarte, o projeto oferece às escolas da região visitas orientadas ao viveiro florestal do município. Os alunos aprendem, na prática, conceitos como fotossíntese, relação solo-água-planta, produção de mudas e outros temas ambientais. Ao final das visitas, são estimulados a desenvolver ações sustentáveis nas próprias escolas ou comunidades.
Entre os resultados registrados, há iniciativas de cercamento de nascentes, produção de mudas, jardinagem escolar e reflorestamento de áreas previamente cadastradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Essas ações, segundo Tales da Fonseca, idealizador do projeto, são possíveis graças a uma metodologia prática e vivencial, que aproxima os estudantes do conteúdo e da realidade local.
“É um processo pedagógico completo: ouvir, ver e fazer. O contato direto com a natureza desperta o sentimento de pertencimento, o respeito e o cuidado com o meio ambiente. Quando os alunos participam de atividades como jardinagem ou diagnóstico de nascentes, o aprendizado se torna mais significativo e promove mudanças reais de comportamento”, afirma.
Além de escolas públicas da região, o projeto já recebeu grupos da APAE e da terceira idade, ampliando seu alcance e caráter inclusivo. Em 2023, foi realizada uma edição especial com turmas do curso técnico em Agroecologia de algumas escolas da Zona da Mata.
“O projeto faz de tudo, desde a produção da muda até o plantio em campo, acompanhando todo o ciclo. É uma ação completa, e o mais importante é a questão ambiental. Quando o aluno produz uma muda e cuida dela, ele entende a importância do processo e cria um sentimento de pertencimento”, destaca o supervisor regional da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade - URFBio Mata do IEF, Dalyson Cunha.
Ação ambiental mira a COP 30
Entre as próximas ações previstas está a realização de um grande plantio de 2 mil mudas nativas, com a participação de 2 mil estudantes, nos distritos de São José dos Lopes e Mogol. O evento será transmitido ao vivo e está sendo articulado para integrar a programação da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), prevista para ocorrer no Brasil em novembro de 2025.
Ao longo dos anos, o Moleque no Viveiro também tem se adaptado às demandas contemporâneas da educação ambiental, incorporando temas como mudanças climáticas, preservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais. Essa abordagem atualizada garante que o projeto permaneça relevante e conectado aos desafios globais, sem perder sua essência comunitária e transformadora.
Com quase três décadas de atuação, o projeto continua promovendo o engajamento ambiental de forma prática e acessível. O envolvimento das escolas, produtores rurais e comunidades tem garantido o fortalecimento de ações sustentáveis no território, com foco na formação de cidadãos mais conscientes e comprometidos com o meio ambiente.
Caroline Mércia
Ascom/Sisema