A espécie foi encontrada enquanto pesquisadores buscavam por novas populações do sapinho da bromélia, Crossodactylodes Itambe, que haviam sido descobertos no Parque Estadual Pico do Itambé, em 2011. A busca foi guiada pela pesquisa de doutorado de Izabela Barata, bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na University of Kent, na Inglaterra, e pesquisadora do Instituto Biotrópicos.
Após a descoberta da nova espécie do Pico do Itambé, o gerente do Serra Negra, Wanderlei Pimenta, fez um convite à pesquisadora para que ela também visitasse a reserva ambiental, uma vez que o parque possui altitude e bromélias semelhantes às do Pico do Itambé. “Como o Serra Negra tem uma vegetação bastante parecida com a da região onde foi encontrado o Crossodactylodes Itambe achei que uma visita à unidade poderia ajudar na pesquisa e fiquei muito feliz quando descobriram uma nova espécie no nosso parque”, disse.
O gerente destacou também a importância da Unidade de Conservação para a preservação da biodiversidade do seu entorno. “Apesar da intensa atividade de silvicultora na região, a unidade possui um ecossistema ainda bastante preservado, com grande domínio de Mata Atlântica e uma pequena porção de Cerrado. Essa transição entre dois biomas também favorece a diversidade das espécies”, ressaltou.
Quando os pesquisadores coletaram as primeiras amostras dos sapinhos acharam que se tratava de uma população de Crossodactylodes Itambe, mas análises de DNA confirmaram que na verdade foi encontrada uma nova espécie do gênero Crossodactylodes. Atualmente, duas pesquisas científicas estão sendo desenvolvidas no Parque Estadual da Serra Negra.
A espécie foi encontrada no topo de montanha, isolada dos demais fragmentos florestais. A área onde ocorre é coberta por Mata Atlântica e as bromélias estão localizadas dentro da mata, crescendo no solo e também nas árvores. Com mãos mais compactas e pontas dos dedos avermelhadas, a nova espécie vive em um fragmento acima de 1,7 m de altitude.
Foto: Izabela Barata
A espécie foi encontrada no topo da montanha, isolada dos demais fragmentos florestais
Educação Ambiental
Além do trabalho científico, a doutoranda Izabela coordena o projeto de educação ambiental do Instituto Biotrópicos, chamado “Salvem os Sapos”. “Esse trabalho leva as crianças para perto da natureza, mais especificamente, dos sapinhos. Nos últimos anos tenho desenvolvido um trabalho com a comunidade de entorno do Pico do Itambé. Os pequenos passam o dia na sede da unidade, e a gente conversa sobre mitos e verdades sobre os sapos, e eles tiram dúvidas e aprendem curiosidades sobre a espécie”, contou.
Durante as atividades as crianças também têm a oportunidade de conhecer os sapinhos de perto, acompanhar o desenvolvimento dos girinos e fazer trabalhos artísticos, como pintura de quadros e camisetas, tudo com a temática sapos. “Faço isso porque existe um grande preconceito em tornos desses animais e, mesmo morando próximo de um parque, as pessoas estão muito distantes da biodiversidade local. Sem conhecimento não sabemos apreciar, e se não apreciamos não nos importamos em preservar”, acrescentou.
Parque Estadual da Serra Negra
A unidade de conservação foi criada com o objetivo, entre outros, de proteger a grande quantidade de nascentes nela existentes, considerada de vital importância para as regiões do Alto Médio Jequitinhonha, conhecida por seu problema de escassez hídrica.
O parque faz parte da Bacia do Rio Jequitinhonha e está inserido na Cadeia do Espinhaço, dominando a paisagem local com seu relevo montanhoso e aparência escura, quando vista contra o sol. Deve-se a este fator o nome da Serra e do próprio Parque.
Foto: Izabela Barata
Vista do Parque Estadual da Serra Negra
A reserva ambiental está incluída nos domínios da Mata Atlântica. Em locais de difícil acesso e em algumas baixadas podem ser observados grandes fragmentos da imponente vegetação que, originalmente, dominava a região.
A região da Serra Negra possui importância vital para as regiões do Alto e Médio Jequitinhonha, pois inclui inúmeras nascentes de cursos d'água, vertentes para a bacia do rio Jequitinhonha, Rio Araçuaí e alguns tributários do Rio Doce. Ao longo das nascentes, dos córregos e dos rios, que banham a serra, ainda podem ser observadas matas de galeria e remanescentes florestais importantes para a manutenção da fauna e flora locais.
A cobertura vegetal nativa é composta, além de Mata Atlântica, por Cerrado e Campos Rupestres. Podem ser identificados no local espécies de ingá-branco, pau-d’óleo, pau-d’arco, braúna, vinhático, vinheiro, sucupira, canela de ema, velózias, orquídeas e várias espécies endêmicas das famílias melastomataceae, eriocaulaceae, poaceae (gramíneas), dentre outras.
Algumas pesquisas realizadas no parque comprovam o alto endemismo para grupos de samambaias, orquídeas e velozias. Integram ainda a cobertura vegetal nativa as matas de galeria que se encontram em bom estado de conservação.
A fauna é bastante diversificada, podendo citar a ocorrência de alguns exemplares de animais raros na região e até ameaçados de extinção tais como o lobo guará, o guigor, obarbado ou guariba, a suçuarana, o catitu e a jaguatirica, bem como se observam também a presença de paca, capivara, quati, tatu, roedores diversos, veado, teiú e várias espécies de avifauna.
Visitação
As visitas ao Parque devem ser agendadas previamente junto à administração.
Horário de funcionamento: 08h30 às 17h30 horas (domingo a domingo)
Endereço da Sede Administrativa
Rua da Brígida, nº59, 2º andar, Bairro Bom Jesus
Itamarandiba- Minas Gerais, 39.670-000
(38)3521-2312
Email: parque.serranegra@meioambiente.mg.gov.br
Janice Drumond
Ascom/Sisema