Sistema de Áreas Protegidas do Projeto Jaíba completa 20 anos

Qui, 17 de Outubro de 2019 12:43

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Foto: Evandro Rodney

Foto 04 - PE Mata Seca-Dentro

Vegetação do Parque Estadual da Mata Seca apresenta diversas espécies de cactáceas e crassuláceas

 

O ano de 2019 ficará marcado para as sete unidades de conservação que integram o Sistema de Áreas Protegidas (SAP) do Projeto Jaíba, que completa 20 anos, pelo simbolismo de ter sido o primeiro conjunto do tipo em Minas Gerais. As reservas ambientais localizadas no Norte do Estado, na margem direita do rio São Francisco têm uma trajetória de êxitos, baseada em educação, preservação e gestão ambiental.
 
O Projeto Jaíba é o maior projeto de irrigação da América Latina espalhando-se por uma área de cerca de 70 mil hectares e que teve início nos anos 1970. O trabalho envolveu os poderes Federal, Estadual Prefeituras e iniciativa privada. A criação do SAP foi a principal condicionante ambiental exigida para a implantação do Projeto.
 
O supervisor da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade (URFBio) Alto Médio São Francisco do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Mario Lúcio dos Santos, explica que quando o SAP foi criado, em 1998, já existia a Reserva Biológica Jaíba, no município de Matias Cardoso. A ela se juntou a Reserva Biológica Serra Azul, os Parques Estaduais Verde Grande e Lagoa do Cajueiro e as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Serra do Sabonetal e Lagedão. Em 2000, foi criado o Parque Estadual da Mata Seca, completando o Sistema.
 
Santos explica que o trabalho em uma área tão extensa — quase 220 mil hectares se incluídas as áreas de reserva legal de empresas e de propriedades particulares — exige um esforço para garantir a participação de comunidades. Um dos meios mais eficientes é a utilização do Conselho Consultivo de unidade de conservação que reúne lideranças locais, de órgãos públicos e privados para discutir as questões da área.
 
“Nos próximos dias integrantes dos Conselhos destas unidades de conservação tomarão posse”, afirma Mário Lúcio. Anteriormente, era um único colegiado gestor para todas as sete unidades de conservação. “Até o final do ano, teremos um total de três e essa divisão visa melhorar a gestão das unidades e aumentar a participação dos atores envolvidos”, explica o supervisor regional do IEF no Alto Médio São Francisco.
 
A elaboração dos planos de manejo para todas as unidades de conservação também está em curso. O estudo técnico é necessário para listar as características da unidade e seu zoneamento, sendo um instrumento de consulta sobre as questões ambientais, socioeconômicas, históricas e culturais das reservas ambientais. As APAs Serra do Sabonetal e Lagedão já têm planos prontos.

 

Foto: Divulgação IEF

 

Foto 02 Jaiba 1 Dentro

Passeio ciclístico que reuniu moradores do entorno das unidades de conservação do SAP Jaíba 
 

 

Revitalização
 
As unidades de conservação do SAP Jaíba cumprem papel de grande relevância ambiental, protegendo a maior parte do bioma Caatinga existente no território. Também são repositório da fauna aquática, abrigando cursos d´água menores que desaguam no rio São Francisco.
 
Mario Lúcio dos Santos explica que as lagoas marginais que se formam à medida que o rio São Francisco ganha volume com as chuvas também armazenam grande número de peixes. “O IEF realiza um trabalho de revitalização dos lagos para permitir que o ecossistema do rio permaneça sustentável”, afirma.
 
Constantemente, as equipes do IEF promovem ações de recuperação em cursos d´água e nas lagoas marginais, promovendo mutirões de limpeza, além do cercamento e recuperação de nascentes. Também são realizados trabalhos de sensibilização com professores e alunos de escolas locais e moradores das comunidades locais sobre a importância da preservação da fauna e flora da região.
 
Unidades
 
O Parque Estadual da Mata Seca é a caçula das unidades de conservação do Sistema de Áreas Protegidas (SAP) do Projeto Jaíba. Ele está localizado no município de Manga e tem área de cerca de 15 mil hectares, abrigando grandes remanescentes da mata que dá nome ao Parque, cujo símbolo é a Barriguda.
 
Em Matias Cardoso, o Parque Estadual da Lagoa do Cajueiro também abriga grandes lagoas marginais formadas pelas cheias do rio São Francisco, além da ilha do Cajueiro. Ele foi criado em 1998 e tem área de 20.500 hectares. No local é possível encontrar espécies como a anta, a onça pintada, o jacaré-de-papo-amarelo e o tamanduá.
 
No mesmo município, o Parque Estadual Verde Grande possui cerca de 25 mil hectares e também foi criado em 1998. A parte norte da unidade se localiza às margens do Rio Verde Grande, divisa de Minas Gerais com a Bahia. As lagoas desse Parque recebem ainda a visita de diversas aves migratórias para reprodução, formando os chamados ninhais.
 
Unidades que formam o SAP do Projeto Jaíba:
 
Reserva Biológica Serra Azul
Data de criação: 08 de outubro de 1998
Área: 3.840,95 hectares
Município: Jaíba
 
Reserva Biológica Jaiba
Data de criação: 04 de julho 1973
Área: 6.358,00 hectares
Município: Matias Cardoso
 
Área de Proteção Ambiental (APA) Serra do Sabonetal
Data de criação: 08 de outubro 1998
Área: 82.500,00 hectares
Município: Itacarambi, Jaíba e Pedras de Maria da Cruz
 
Área de Proteção Ambiental (APA) Lagedão
Data de criação: 08 de outubro de 1998
Área: 12.000 hectares
Município: Matias Cardoso
 
Parque Estadual da Mata Seca
Data de criação: 20 de dezembro de 2000
Área: 15.360,07 hectares
Município: Manga
 
Parque Estadual Verde Grande
Data de criação: 8 de outubro de 1998
Área: 25.570 hectares
Município: Matias Cardoso
 
Parque Estadual da Lagoa do Cajueiro
Data de criação: 8 de outubro de 1998
Área: 20.500 hectares
Município: Matias Cardoso

 

Emerson Gomes
Ascom/Sisema