IEF participa de treinamento sobre produção integrada de lavouras e florestas

Sex, 30 de Agosto de 2019 18:41

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Foto: Divulgação IEF

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Participantes do curso realizaram visita técnica em propriedade de produção de leite da cidade de Coronel Xavier Xaves

 

Técnicas e processos que correlacionam a produção agropecuária com a preservação de florestas foram apresentadas a servidores do Instituto Estadual de Florestas (IEF) da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade Mata (URFBio Mata), durante treinamento oferecido pela Embrapa Gado de Leite, no período de 27 a 29 de agosto. A capacitação incluiu planejamento, implantação e monitoramento de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta; integração lavoura-pecuária, e integração pecuária floresta (IPF) ou silvipastoril para produção de leite.

 

O treinamento faz parte das ações desenvolvidas pelo projeto Conexão Mata Atlântica e envolve os servidores que atuam na execução do projeto. O curso foi realizado em duas etapas, com parte teórica e prática. As palestras foram ministradas no Campo Experimental José Henrique Bruschi (CEJHB) da Embrapa, no município de Coronel Pacheco, e a parte prática em propriedades de produção de leite da cidade de Coronel Xavier Chaves. As duas etapas foram coordenadas por profissionais da Embrapa Gado de Leite, com apoio do IEF e participação e apresentação técnica da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater).

 
De acordo com a analista ambiental e bióloga do IEF em Juiz de Fora, Letícia Dornelas, o curso tem interface com o Projeto Conexão Mata Atlântica, desenvolvido pelo IEF, no qual tem como objetivo aumentar os estoques de carbono por meio das atividades de restauração de florestas nativas e paisagens produtivas. “Esses sistemas e a melhoria do solo promovem e permitem a recuperação das lavouras e pastagens degradadas e consequentemente o aumento do sequestro de carbono”, frisou.

 

O sequestre de carbono é a absorção de grandes quantidades de gás carbônico (CO2) presentes na atmosfera. A forma mais comum de sequestro de carbono é naturalmente realizada pelas florestas. Na fase de crescimento, as árvores demandam uma quantidade muito grande de carbono para se desenvolver e acabam tirando esse elemento do ar. Esse processo natural ajuda a diminuir consideravelmente a quantidade de CO2 na atmosfera.

 

Letícia reforçou que, como bióloga, foi uma oportunidade para adquirir novos conhecimentos e desenvolver novas habilidades. “Foi uma forma de me aprimorar e qualificar o trabalho realizado pelo IEF”, disse.

 

A capacitação também abordou outros assuntos como forrageiras, bem-estar animal, controle de plantas daninhas, formigas e cupins. Na parte prática, os participantes visitaram o plantio experimental de mogno da Embrapa e sua fazenda de bovinocultura de leite. Também foi realizada uma visita em duas fazendas da cidade de Coronel Xavier Chaves que já implantaram os sistemas abordados na capacitação, a fim de que os profissionais verificassem na prática os conceitos que foram abordados no módulo teórico.

 

Para o coordenador do Núcleo de Apoio Regional do IEF em Muriaé, Walmir Barbosa Rosado, apesar de trabalhar na área florestal, principalmente com foco na recuperação com espécies nativas, o entendimento da atividade pecuária é de extrema importância. “A atividade de pecuária é predominante aqui na região em que atuo e até cultural. Para abordar o produtor rural precisamos falar e entender sua linguagem e sua cultura, só assim conseguiremos introduzir o componente florestal na sua propriedade, seja para proteção ou para finalidade econômica”, disse.

 

Walmir Barbosa explicou que a integração lavora-pecuária-floresta, além de melhorar as condições do solo e o conforto animal, propicia a diversificação da propriedade com o fornecimento de outros produtos, além da recuperação de áreas degradadas. “É uma alternativa para recuperar essas áreas. Em regiões de pecuária, como é o caso de Muriaé, é um grande desafio fazer o proprietário plantar árvore, portanto, a tecnologia ILPF é uma porta para desenvolvermos a área florestal na zona da mata mineira”, frisou.

 

PROJETO CONEXÃO MATA ATLÂNTICA

 

O Projeto Conexão Mata Atlântica possui financiamento do GEF (Global Environment Facility), tendo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como administrador destes recursos. 


O trabalho também une esforços do Governo Federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e dos governos dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, para a recuperação e preservação dos serviços de clima e de biodiversidade na Mata Atlântica na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, um dos principais mananciais de abastecimento da região Sudeste do país.

 

Além da recuperação e conservação ambiental, o Projeto também está implementando ações que promovam a conexão dos fragmentos florestais, o aumento do estoque de carbono e a manutenção da biodiversidade, bem como estimulem a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como conversão de pastagens, especialmente aquelas degradadas, em sistemas de produção integrados, como o ILPF.

 

As metas a serem cumpridas em Minas Gerais pelo Projeto envolvem a capacitação de 375 produtores rurais, por meio de palestras e dias de campo, com o tema “Adequação Ambiental de Propriedades Rurais e Técnicas de Manejo e Conservação de Solo e Água para Aumento de Oferta de Água”, bem como a recuperação ambiental em 1.005,00 ha na Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul, envolvendo a elaboração de projetos técnicos pelos profissionais do IEF, a sua implantação e a doação de material e insumos.

 
"Dentre as ações previstas para a execução do Projeto Conexão Mata Atlântica está a capacitação do corpo técnico do IEF envolvido diretamente na elaboração dos projetos técnicos na Zona da Mata mineira. Desta forma, essa parceria com a Embrapa é muito importante para que nossos analistas ambientais possam avaliar as áreas e orientar os produtores rurais quanto ao que querem implantar em suas propriedades, a redigir bons projetos, além de realizarem o acompanhamento das ações e o monitoramento das áreas”, esclarece o coordenador pelo IEF do Projeto Conexão Mata Atlântica em Minas Gerais, Marcelo Massaharu Araki.

 

Milene Duque
Ascom/Sisema