IEF participa de captura e soltura da onça pintada em Juiz de Fora

Qua, 15 de Maio de 2019 15:44

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Foto: Divulgação UFJF

OnçaPintada

A onça-pintada foi levada em segurança até o local de soltura na madrugada de domingo para segunda-feira

 

Após 17 dias, a onça pintada vista no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi captura. Em um trabalho conjunto de técnicos do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Juiz de Fora, e de profissionais da UFJF, técnicos do Centro Nacional de Pesquisa (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação à Biodiversidade (ICMBio) e da Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ), o animal foi capturado e solto em uma área extensa, onde terá contato com outros animais da mesma espécie.

 

A onça é um macho de 51,6 quilos, com 1,81 metro de comprimento e aproximadamente quatro anos. “A idade foi estimada pelo tamanho e estado dos dentes”, conforme explicou o professor Fernando Azevedo, da UFSJ. Durante o exame clínico foram coletadas amostras de sangue, urina e pelo. Parte do material será levado para análise no Cenap/ICMBio, localizado em Atibaia, São Paulo. Além dos cuidados, o animal recebeu um colar de monitoramento que transmitirá sua localização por sinais de satélite e rádio VHF.

 

A onça-pintada foi levada em segurança até o local de soltura na madrugada de domingo para segunda-feira, pelos analistas ambientais do CetasJF/IEF, Glauber Barino e Sarah Stutz. Durante o trajeto o animal foi monitorado pelo médico veterinário Paulo Roberto Amaral, do Cenap/ICMBio.

 

O animal foi inserido em uma área florestal ampla, distante de área urbana.Todos os esforços aplicados visam a conservação da espécie de onça-pintada (Panthera onca) que se encontra vulnerável na categoria de espécies ameaçadas de extinção. Atualmente, existem menos de 300 onças-pintadas vivendo na Mata Atlântica.

 

Manejo, captura e soltura

 

Foto: Divulgação IEF 
Capturar
Além dos cuidados, o animal recebeu um colar de monitoramento que transmitirá sua localização por sinais de satélite e rádio VHF.

 

Desde que a onça foi avistada, uma comissão interinstitucional foi formada para acompanhamento e atuação técnica, com representantes do IEF/CetasJF, do Campo de Instruções do Exército Brasileiro em Juiz de Fora, do Corpo de Bombeiros, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Cenap/ICMBio, da Polícia Militar de Meio Ambiente, da Prefeitura de Juiz de Fora e da UFJF.

 

Segundo Glauber Barino, biólogo do Cetas em Juiz de Fora, a captura foi uma ação complexa. “Não havia como estabelecer um prazo e a expectativa, principalmente da população próxima às áreas onde a onça era vista, era de que fosse rápida. E foi”. O professor do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF, Artur Andriolo, que integra a equipe da universidade, ressaltou que todos os esforços se voltaram para garantir a segurança de todos, principalmente do animal. “Há 80 anos, pelo menos, não havia registro dessa espécie na Zona da Mata Mineira”, estimou o professor.

A coordenadora do Cetas em Juiz de Fora, Cláudia Lourenço, disponibilizou técnicos para acompanhar todo o trabalho, além do transporte para realizar a soltura da onça. “Trabalhamos com o máximo empenho para que a questão fosse prontamente resolvida e o animal fosse solto em local que garanta sua segurança e conservação da espécie”, explicou a coordenadora.

 

As ações eram avaliadas e implementadas diariamente com base na movimentação do felino, que pode percorrer grandes áreas. “Quando se conhece a frequência de movimentação do animal, usa-se armadilhas de laço muito seguras, por onde ele passa. Também se usa armadilha de caixa, de gaiola, que foi onde a onça acabou sendo pega. Não podíamos usar qualquer uma. A armadilha é feita sob encomenda, do tamanho do animal, com profundidade suficiente para, quando for disparado o gatilho [com sedativo e anestésico], o animal esteja totalmente dentro da armadilha”, explicou o biólogo Rogério Cunha, coordenador substituto do Cenap/ICMBio.

 

A pró-reitora de extensão da UFJF, Ana Lívia Coimbra, destacou que, desde o início, a gestão da situação, que não foi em nenhum momento relatada como um problema, foi feita com o envolvimento de todos os atores. “A universidade arcou com os custos operacionais para captura e irá custear o monitoramento do animal após a soltura, pelo período de um ano”, afirmou.

 

O Jardim Botânico é vizinho da APA do Krambeck, unidade de conservação estadual administrada pelo IEF e gerenciada pelo analista ambiental, Arthur Valente, que faz parte da comissão formada para capturar o animal. “A mata do Krambeck não possui população de onça pintada. Esse jovem macho avistado na região não tem um território definido, portanto, os exames feitos no animal irão tentar delimitar de onde ele pode ter vindo”, disse.

 

A presença do animal foi avaliada positivamente, já que é um indicador das boas condições ambientais da área onde a onça foi vista.

 

LINHA DO TEMPO

 

25/04 – Registro em vídeo do animal foi feito em torno de 21h15 pelo vigilante Wamildo Jesus Ribeiro no entorno da sede administrativa do Jardim Botânico/UFJF

 

26/04 – O Jardim Botânico foi fechado ao público e formou-se a comissão interinstitucional para captura da onça. A equipe do Cenap/ICMbio foi acionada e chegou à cidade

 

27/04 – Foram montadas as estruturas para registro do animal

 

29/04 – População no entorno do Jardim Botânico é orientada quanto aos procedimentos de segurança caso tivessem contato com o animal

 

02/05 – O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Germano Vieira e o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, se reuniram com o reitor da UFJF, Marcus David, para disponibilizar total apoio na solução das questões que envolvem a presença da onça

 

03/05 – Foram instalação as armadilhas para captura do animal

 

12/05 – A onça foi capturada e passou por avaliação dos especialistas

 

13/05 – O animal foi solto em local apropriado e será monitorado por pelo menos 1 ano.

 

Renata Fernandes