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Instituto Estadual de Florestas - IEF

Minas apresenta redução de 80% em área atingida por incêndios florestais

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Foto: Evandro Rodney

Dentro 

A queda na área interna atingida pelo fogo foi de 80,1% comparada à média dos últimos 6 anos

 

As chuvas presentes em quase todos os meses do ano e distribuídas por todas as regiões do Estado foram a principal causa da significativa redução do número de incêndios florestais nas Unidades de Conservação (UCs) estaduais de Minas Gerais em 2018. A queda na área interna atingida pelo fogo foi de 80,1% comparada à média dos últimos 6 anos, segundo dados do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio) do Instituto Estadual de Florestas (IEF).

 

O IEF utiliza como metodologia para fins estatísticos a comparação entre os números do ano analisado e a média dos 6 anos anteriores. Segundo essa análise, a área interna atingida pelos incêndios nas reservas ambientais administradas pelo governo de Minas Gerais foi de 8.425,58 hectares, enquanto a média nos anos anteriores foi de 42.389,51. O número de ocorrências caiu 22,2%, em 2018, sendo registradas 371, enquanto a média dos últimos 6 anos foi de 477. Tradicionalmente, a maior parte dos incêndios florestais acontece no período de estiagem, entre os meses de julho e outubro.

 

Nas áreas de entorno das unidades de conservação a redução da área atingida foi de 80,3%, também em comparação com a média dos 6 anos anteriores. Em 2018, foram consumidos pelo fogo 3.425,80 hectares, enquanto a média dos anos anteriores foi de 17.453,91. Já o número de ocorrências em 2018 foi 183 e a média entre 2012 e 2017 foi 256, o que representa queda de 28,4%.

 

Todas as regiões do Estado apresentaram redução nos números. Na região do Alto Jequitinhonha, onde existe um grande número de unidades de conservação, como os parques estaduais do Rio Preto, Biribiri e Serra do Intendente, a redução na área interna atingida pelo fogo foi de 84%, passando de 4.248,21 hectares, na média, para 683,12 em 2018.

 

Já na Região Centro-Norte, a queda foi ainda mais expressiva, chegando a 99%, com apenas 4,31 hectares queimados no interior de UCs como o Parque Estadual do Sumidouro e os Monumentos Naturais Gruta Rei do Mato e Peter Lund. Na região do Rio Doce, o índice foi similar passando de 296,25 hectares entre 2012 e 2017 para 5,69 em 2018, uma redução de 98%. Na região estão localizados o Parque Estadual do Rio Doce e Monumento Natural Pico do Ibituruna, dentre outros.

 

Na Região Norte, a queda na área interna queimada nas UCs foi de 70%, porém, o número de ocorrências no interior das reservas ambientais da região cresceu 202%, passando da média de 16 anos anteriores para 33 em 2018. O Parque Estadual Serra do Cabral segue como a unidade de conservação com maior número de ocorrências em Minas Gerais. Em 2018 foram 30 ocorrências no interior do parque, totalizando 719 hectares atingidos pelo fogo. Cada hectare equivale aproximadamente a um campo de futebol.

 

RMBH

 

Foto: Evandro Rodney

Parque estadual Serra Verde - Evandro Rodney 17

O PE Serra Verde, que é vizinho da Cidade Administrativa de Minas Gerais, também experimentou queda na área interna atingida pelos incêndios florestais

 

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça também experimentou uma queda expressiva na área interna atingida por incêndios florestais. Em 2018, 43,97 hectares dos 3.941,09 da unidade de conservação foram atingidos pelo fogo. A média dos 6 anos anteriores foi de 445,23 hectares. O número de ocorrências, porém, cresceu, passando de 45 para 51.

 

O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça está localizado no Vetor Sul da RMBH, nos munícipios de Belo Horizonte, Brumadinho, Nova Lima e Ibirité. É bastante vulnerável ao fogo, exatamente por estar em área próxima à região urbana, mesmo caso do Parque Estadual Serra Verde, que está situado no Vetor Norte.

 

Ainda assim, o Serra Verde, que é vizinho da Cidade Administrativa de Minas Gerais, também experimentou queda na área interna atingida pelos incêndios florestais que passou de 52,06 hectares para 48,92 em 2018. No seu entorno, no entanto, houve pequeno crescimento, de 11,66 hectares entre 2012 e 2017, passou para 22,35 hectares em 2018. Em 2018 foram 128 ocorrências.

 

CAUSAS

 

Foto: Denise Avelar

Foto 07 - Denise Avelar

Uma rede de parceiros que integra a Força Tarefa ajuda no combate, o que permite o perfeito funcionamento da estrutura

 

Segundo o gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do IEF, Rodrigo Bueno Belo, existem diversos fatores e um conjunto de ações sendo realizadas em todo o Estado que devem ser consideradas para explicar os números positivos em Minas Gerais. “O maior diferencial em 2018 foi o regime pluviométrico elevado e bem distribuído, quando tivemos chuvas em praticamente todos os meses do ano e chuvas atípicas para os meses de julho a outubro, período em que se concentram os piores incêndios”, afirma.

 

Para ele, o trabalho feito em campo pelas equipes de monitoramento, de prevenção e combate, também merece reconhecimento. Em 2018, o Governo de Minas Gerais contratou 253 brigadistas que foram distribuídos em 39 unidades de conservação e nas unidades operacionais da Força Tarefa Previncêdio (FTP). Os brigadistas são treinados, equipados e ficam em alerta nas unidades operacionais do Previncêndio em Januária, Belo Horizonte e Diamantina.

 

Em Curvelo funciona ainda a Base Operacional Previncêndio, que concentra os esforços de gestão das ocorrências e controle de recursos diversos, como o emprego de aeronaves, reforços de efetivo humano e material, além da alimentação demandada nos combates. Toda a operação logística montada para o atendimento às diversas ocorrências em unidades de conservação estaduais está subordinada à Sala de Situação da base de Curvelo.

 

O Previncêndio coordena os esforços do Estado durante os meses mais secos do ano para conter o fogo e, nos meses de chuva, realiza ações preventivas como treinamentos, capacitações diversas e atividades de orientação sobre o uso consciente do fogo para produtores rurais. A Força Tarefa é composta pelas Polícia Militar e Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, IEF, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

 

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) coordena a Força Tarefa e tem a responsabilidade de realizar as ações de combate, assim como a Gerência de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do IEF, que articula e implementa as técnicas e o uso de equipamentos nas operações, como os sopradores costais e outros itens utilizados no combate aos incêndios florestais, como roçadeiras, caminhões e moto-bombas portáteis, dentre outros.

 

Rodrigo Belo lembra que o IEF também é responsável pela manutenção de contratos importantes como o fornecimento de alimentação para brigadistas no momento do combate aos incêndios. “Temos de levar alimentação para o brigadista que está em ação no alto de um morro, 2 horas da tarde, longe de estradas, o que é uma logística complexa”, explica.

 

Outro aspecto é a rede de parceiros que integra a Força Tarefa e que permite o perfeito funcionamento da estrutura. “O convênio com a Polícia Militar, por exemplo, permite que nossa frota de helicópteros permaneça apta a voar e ser empregada no combate aos incêndios e também complementar o trabalho com a frota aérea da PM que é maior e mais distribuída”, completa.

 

PREVENÇÃO

 

Foto: Evandro Rodney
evando rodney 1
Aeronaves são utilizados para combate ao fogo e apoio aos brigadistas para deslocamento

 

Rodrigo Belo observa que outras atividades de igual importância são as ações preventivas desenvolvidas nos períodos de chuva. Os treinamentos de formação de brigadas são destinados a voluntários e contratados. “A capacitação é obrigatória e está presente no edital de contratação dos brigadistas”, explica. No caso dos voluntários, existe uma rede que incentiva moradores do entorno de unidades de conservação a se tornarem aptos para combater o fogo, por meio de cursos gratuitos para a formação de brigadistas voluntários.

 

O Previncêndio oferece cinco modalidades de capacitações: o Curso de Formação de Brigada Previncêndio, o Curso de Formação de Brigada Voluntária, o Curso de Operação de Sopradores em Combate, o Curso de Formação de Instrutores e a Prática de Técnicas de Emprego de Aeronaves em Combate de Incêndio Florestal. Em 2018, foram capacitadas cerca de 800 pessoas. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar são responsáveis pelos treinamentos, organizados pela equipe do Previncêndio.

 

Belo observa que o Previncêndio também realiza, atualmente, o programa Ação Comunitária Ambiental Previncêndio (ACAP) que busca identificar e intervir nos conflitos existentes entre as comunidades do entorno e a unidade de conservação, a fim de reduzi-los. A ação é realizada concomitante ao trabalho cotidiano feito pelos gerentes das unidades de conservação, que são a linha de frente do IEF na gestão dessas áreas.

 

“Estamos tentando descobrir os motivos dos incêndios provocados pelo homem”, explica. Ele destaca ainda que está sendo feito um diagnóstico nas unidades de conservação mais acometidas pelo fogo, identificando as motivações que antecedem os incêndios. Esse diagnóstico está sendo elaborado em conjunto com os gestores dessas áreas para identificar as possíveis soluções e ações preventivas a serem tomadas.

 

“Levamos um roteiro com perguntas e montamos, juntamente com os gestores das UCs, um mapa com as áreas críticas e as proposições de atividades para diminuir os conflitos locais que podem acabar gerando incêndios por mau uso do fogo”, afirma Rodrigo Belo. Até o momento, a atividade já foi desenvolvida em sete unidades de conservação estaduais e, em 2019, outras quatro serão incluídas.

 

O Previncêndio trabalha também na implementação do Manejo Integrado de Fogo (MIF), que é um conceito moderno de gestão dos combustíveis (vegetação), já praticado há anos em outros países para controlar os incêndios mais severos. “No Cerrado, o fogo é parte do ciclo natural da paisagem”, explica Rodrigo Belo. “O problema é quando ele aparece como elemento estranho, geralmente provocado pelo homem e em períodos que não deveria ocorrer, como no período mais intenso da estiagem”, completa.

 

Rodrigo Belo observa que o MIF vem sendo utilizado com excelentes resultados pelo Ibama e ICMBio nas unidades de conservação federais do bioma Cerrado, como forma de minimizar o impacto dos incêndios, buscando simular a ocorrência natural do fogo na época de chuva de forma controlada. “É uma forma de impedir o acúmulo de combustíveis, principalmente gramíneas, diminuindo, no período de estiagem, os incêndios de elevada severidade e intensidade”, explica o gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do IEF.

 

Minas Gerais possui 94 unidades de conservação estaduais de diferentes categorias, como Parques, Estações Ecológicas, Monumentos Naturais e Áreas de Proteção Ambiental. Em 2018, foram criados dois novos Parques, o da Serra Negra da Mantiqueira e o de Botumirim. Juntos, eles garantem a proteção de quase 2 milhões de hectares nos três biomas existentes no Estado: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.

 

Emerson Gomes

Ascom/Sisema

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